terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Bogarim
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Ela sofria por dentro, sofria por ser ela mesma, ela sabia aonde estava e isso era o que mais a assustava. Gostava mesmo era de se perder, de não saber onde começava e onde terminava. Gostava de dançar a vida, sentir o gosto do doce sobre o amargo da pele. Como numa valsa louca, leve e vermelha ela era os extremos, era riso da manhã e era a trágidia premeditada. Nunca tinha posto os olhos em criatura tão mistica, com aquela sensibilidade que só os loucos possuem e era mais sã que qualquer um de nós. Nesse momento ela queria gritar, fugir de si mesma, se entregar aos sonhos, como se sonhos não fossem tudo o que ela tivera até aquele momento.
Hoje definitivamente era um dia diferente dos outros, hoje ela não tinha o mesmo brilho, talvez até brilhasse, mas era um brilho fosco meio fora de tom, desbotado. Se sentia incomodada com os olhares que recebera dele, como se ele a acusasse de um amor sem saber que ela não o sentia mais. Ela não escondia que um dia o amara, mas não o amava mais, e disso não fazia segredo. Para ela amor e segredo nunca couberam na mesma frase. O amor pra ela era sublime e quanto o sentia espalhava-o aos quatro ventos, para que a ventania de amor um dia lhe chegasse mais forte do que a brisa que ela lançara.
Sabia que a sensação de desconforto consigo mesma passaria rápido, tão rápido quanto o sol sendo tampado pelas nuvens negras, que apesar de despertar o medo em muitas pessoas, nela dispertava a ansiedade de uma criança prestes a fazer uma traquinagem.
A tempestade chegara a sua janela mais cedo do que ela esperava, com um sopro derrubou as persianas. Aquele cheiro de terra molhada que invadia suas narinas e fazia com que ela se sentisse solta. Correu para fora, o jardim estava em festa e ali se postou de pé, descalça brincando como uma criança que ri de si mesma e transborda a felicidade inocênte, nada no mundo colocava um sorriso tão rapido no seu rosto quanto brincar na chuva.
Minutos depois a chuva de verão foi embora, levando consigo toda a tristeza que antes se pousava em seu coração, deixando-o limpo e vazio. Vazio por que apesar de toda felicidade que sentia, queria o oco, queria o nada, como um quarto de hotel ainda não alugado, limpo e organizado esperando por um forasteiro que pudesse ocupa-lo por inteiro e por uma grande temporada.