meu universo em uma bolinha de sabão

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Bogarim




Do silêncio da chuva e um minuto
Do vestido da moça o breu branco da bainha já molhada,
e ela dança

Livre e solta ao tempo.
Da maquilagem já borrada ainda se vê a menina-criança com o sorriso que não se apaga
Das mãos a delicadeza do bordado novo
E ela sonha

Com dias mais intensos
Do coração a leveza do segredo que se extingue
Dos olhos o brilho de uma flor de Bogarim
A menina-moça colhe

De cada gota um desejo...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010



Da noite eu quero só mais um caso, cair nos seus braços, que se danem os nós.
Dar-me ao nada, entregar-me ao escuro. Hoje eu quero o mundo nos meus braços, me sentir plena de tudo e sem razão pra me chamar. Fugir num túnel que leve a qualquer lugar, hoje eu não estou afim de me procurar. Quero mais uma dose, mais uma dança, mais um jogo, eu ainda tenho fichas pra apostar. O mundo rodando e querido, no momento eu só quero terminar de viver essa noite, isso passa muito rápido. Amanhã é outro dia e quem disse que eu ainda vou te amar? Então me segure firme agora, vamos dançar.
Eu estou sem nome, não quero saber da onde eu vim, e não tenho idéia de onde eu vou parar, alias essa noite eu não quero parar. Só peça pro sol não nascer tão rápido, eu não quero que ele me cegue e faça eu me lembrar.
Eu quero quebrar esse discos, te instigar a jogar comigo, sorrir e te convidar com um olhar, não me pergunte nada, eu estou nesse jogo e não vou te mostrar as minhas cartas.
Essas luzes estão piscando muito rápido e eu sinto que eu estou tão alta, há tantas pessoas, mas eu sinto que estamos tão intimos aqui... Não me pergunte sobre amanhã, eu estou vivendo o agora, e isso é só por um minuto, amanhã eu talvez nem mesmo me lembre do seu belo rosto, então entre comigo nessa, nada é real aqui.
Vou conhecer o vencedor e lhe passar a perna, e eu vou te dar um beijo e ir embora querido, sem olhar pra trás.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010




Ela sofria por dentro, sofria por ser ela mesma, ela sabia aonde estava e isso era o que mais a assustava. Gostava mesmo era de se perder, de não saber onde começava e onde terminava. Gostava de dançar a vida, sentir o gosto do doce sobre o amargo da pele. Como numa valsa louca, leve e vermelha ela era os extremos, era riso da manhã e era a trágidia premeditada. Nunca tinha posto os olhos em criatura tão mistica, com aquela sensibilidade que só os loucos possuem e era mais sã que qualquer um de nós. Nesse momento ela queria gritar, fugir de si mesma, se entregar aos sonhos, como se sonhos não fossem tudo o que ela tivera até aquele momento.

Hoje definitivamente era um dia diferente dos outros, hoje ela não tinha o mesmo brilho, talvez até brilhasse, mas era um brilho fosco meio fora de tom, desbotado. Se sentia incomodada com os olhares que recebera dele, como se ele a acusasse de um amor sem saber que ela não o sentia mais. Ela não escondia que um dia o amara, mas não o amava mais, e disso não fazia segredo. Para ela amor e segredo nunca couberam na mesma frase. O amor pra ela era sublime e quanto o sentia espalhava-o aos quatro ventos, para que a ventania de amor um dia lhe chegasse mais forte do que a brisa que ela lançara.

Sabia que a sensação de desconforto consigo mesma passaria rápido, tão rápido quanto o sol sendo tampado pelas nuvens negras, que apesar de despertar o medo em muitas pessoas, nela dispertava a ansiedade de uma criança prestes a fazer uma traquinagem.

A tempestade chegara a sua janela mais cedo do que ela esperava, com um sopro derrubou as persianas. Aquele cheiro de terra molhada que invadia suas narinas e fazia com que ela se sentisse solta. Correu para fora, o jardim estava em festa e ali se postou de pé, descalça brincando como uma criança que ri de si mesma e transborda a felicidade inocênte, nada no mundo colocava um sorriso tão rapido no seu rosto quanto brincar na chuva.

Minutos depois a chuva de verão foi embora, levando consigo toda a tristeza que antes se pousava em seu coração, deixando-o limpo e vazio. Vazio por que apesar de toda felicidade que sentia, queria o oco, queria o nada, como um quarto de hotel ainda não alugado, limpo e organizado esperando por um forasteiro que pudesse ocupa-lo por inteiro e por uma grande temporada.